segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Douro, Faina Fluvial






Douro, Faina Fluvial trata-se de um documentário de Manoel de Oliveira lançado em 1934 que nos fala da cidade do Porto e o seu eixo principal - o rio Douro. Oscila entre uma corrente mais tradicionalista e uma experimentalista que estava em voga na altura das filmagens (1931). Oliveira procura uma estética sofisticada e rigorosa que não se fica por uma pontual que não se fica por uma pontual observação da realidade social. Pelo contrário, ele quis e foi muito mais longe neste seu primeiro trabalho, experimentando uma outra forma de apresentar o real. Todos os elementos (os homens, as máquinas, o curso do rio) estão judiciosamente colocados numa série dentro de um grandioso poema. A montagem busca complementar e encadear todos os elementos para que estes sejam dinstiguíveis dentro de um todo coerente. Assim, o rio que corta a cidade do Porto não está pensado como um elemento de separação, mas como um obstáculo que é necessário superar para restabelecer a comunicação.



Douro, Faina Fluvial provocou discussões entre a crítica da época, devido à sua inteligentíssima e veloz montagem e à beleza da sua fotografia. Criticado pela crítica portuguesa e elogiado pela estrangeira no V Congresso Internacional da Crítica, Oliveira acabava de entrar desta forma no mundo do cinema.

"Procurava fazer do cinema um meio de expressão. Pus em prática teorias da época, a especificidade da montagem, montagem por contraste, por analogia". Oliveira

"Estava já tudo na découpage. estava escrito. Sempre improvisei muito pouco. Nada, foi resultado da montagem. Foi uma provocação premeditada. Tinha já uma noção muito precisa do que deveria ser a construção cinematográfica. Como a deviam compor. Disso, tinha uma noção muito precisa. (...) Basta ver, para se perceber que tudo está estrututrado, que há uma intenção..." Oliveira

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"O que sou toda a gente é capaz de ver, mas o que ninguém é capaz de imaginar é até onde sou e como..."

Tal como prometemos, vamos apresentar biografias de alguns autores durienses que foram "pesos pesados" da literatura portuguesa e cuja obra é rica em descrições maravilhosas desta pequena pérola do nosso país.


Miguel Torga é o pseudónimo de Aldofo Correia Rocha, nascido a 12 de Agosto de 1907 em S. Martinho da Anta, no distrito de Vila Real. Educado num seio familiar humilde, Adolfo escolhe Miguel em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno; Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo. A sua campa rasa em São Martinho de Anta tem uma torga plantada a seu lado, em honra ao poeta.


Teve uma infância rural dura, que lhe deu a conhecer a realidade do campo, sem bucolismos, feita de árduo trabalho contínuo. Após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil, onde durante cinco anos trabalhou na fazenda de um tio, em Minas Gerais, como capinador, apanhador de café, vaqueiro e caçador de cobras. De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941.


A sua personalidade literária é o reflexo de uma individualidade veemente e intransigente, que o manteve afastado, por toda a vida, de escolas literárias e mesmo do contacto com os círculos culturais do meio português. A esta intensa consciência individual aliou-se, no entanto, uma profunda afirmação da sua pertença à natureza humana, com que se solidariza na oposição a todas as forças que oprimam a energia viva e a dignidade do homem, sejam elas as tiranias políticas ou o próprio Deus. Miguel Torga, tendo como homem a experiência dos sofrimentos da emigração e da vida rural, do contacto com as misérias e com a morte, tornou-se o poeta do mundo rural, das forças telúricas, ancestrais, que animam o instinto humano na sua luta dramática contra as leis que o aprisionam.


Nessa revolta consiste a missão do poeta, que se afirma tanto na violência com que acusa a tirania divina e terrestre, como na ternura franciscana que estende, de forma vibrante, a todas as criaturas no seu sofrimento. Mas essa revolta, por outro lado, não corresponde a uma arreligiosidade ou recusa da transcendência. A sua obra, recheada de simbologia bíblica, encontra-se, antes, imersa num sentido divino que transfigura a natureza e dignifica o homem no seu desafio ou no seu desprezo face ao divino. A ligação à terra, à região natal, a Portugal, à própria Península Ibérica e às suas gentes, é outra constante dos textos do autor.


Ela justifica o profundo conhecimento que Torga procurou ter de Portugal e de Espanha, unidos no conceito de uma Ibéria comum, pela rudeza e pobreza dos seus meios naturais, pelo movimento de expansão e opressões da história, e por certas características humanas definidoras da sua personalidade. A intervenção cívica de Miguel Torga, na oposição ao Estado Novo e na denúncia dos crimes da guerra civil espanhola e de Franco, valeu-lhe a apreensão de algumas das suas obras pela censura e, mesmo, a prisão pela polícia política portuguesa.


A 17 de Janeiro de 1995 em Coimbra, Portugal perde um dos grandes vultos da literatura portuguesa.




sábado, 31 de outubro de 2009

Uma das onze províncias tradicionais portuguesas criadas em 1936, mas formalmente extintas em em 1976, a região de Trás-os-Montes e Alto Douro situa-se no Nordeste de Portugal Continental, correspondendo aos distritos de Vila Real e Bragança, bem como a quatro concelhos do distrito de Viseu e a um concelho do distrito da Guarda. Faz fronteira com a Espanha, a norte e a leste, e confina com as províncias da Beira Alta, a sul, e do Douro Litoral e do Minho, a oeste. O relevo desta região é formado por um conjunto de altas plataformas onduladas cortadas por vales e bacias muito profundas. O seu clima é mediterrânico com influência continental, mais agreste e frio nas áreas planálticas, mais quente nas áreas profundas encaixadas do Douro.
Além da vinha - em especial a vinha da Região demarcada do vinho do Porto, onde a paisagem se individualiza com as suas imensas encostas e quintas -, produz culturas como o centeio, a cevada e a batata.
Esta região apresenta, nos seus principais típicos, o pão e as bolas; bacalhau, alheiras, presunto, cabrito e vitela, com destaque para a posta mirandesa; peixes de rio, como a truta; grelos, feijão, cogumelos e castanhas; folares, queijadas e bolos de mel, entre outros.
Trás-os-Montes e Alto Douro foi desde muito cedo objecto de explorações mineiras. O ouro foi o primeiro metal a ser explorado, depois o estanho e o chumbo. Deficientemente servida por vias de comuniçação, esta zona não tem sido um pólo atractivo para a implantação de indústrias. A região de Trás-os-Montes é uma das mais ricas em achados arqueológicos de toda a ordem e de todas as épocas. São de assinalar as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, bem como dólmenes e povoados do período Neoeneolítico. A famosa ponte de Trajano, por seu turno, é um dos melhores exemplares da arquitectura romana em Portugal. Esta região possui um folclore muito rico, patente, por exemplo, nos seus dialectos (sendinês, mirandês, guadramilês e o riodonorês). A música tradicional é uma das mais relevantes do país. São de um lirismo extremamente sóbrio e penetrante, que os hinos sagrados e cânticos de trabalho, quer os poemas de amor e de morte em que se expande a alma do povo duriense e transmontano. Trás-os-Montes e Alto Douro tem sido cenário e temática, berço e musa inspiradora de algumas individualidades notáveis, como por exmeplo, Guerra Junqueiro, Miguel Torga, Trindade Coelho e Camilo Castelo Branco, entre outros.
Fonte: Infopédia