Douro, Faina Fluvial trata-se de um documentário de Manoel de Oliveira lançado em 1934 que nos fala da cidade do Porto e o seu eixo principal - o rio Douro. Oscila entre uma corrente mais tradicionalista e uma experimentalista que estava em voga na altura das filmagens (1931). Oliveira procura uma estética sofisticada e rigorosa que não se fica por uma pontual que não se fica por uma pontual observação da realidade social. Pelo contrário, ele quis e foi muito mais longe neste seu primeiro trabalho, experimentando uma outra forma de apresentar o real. Todos os elementos (os homens, as máquinas, o curso do rio) estão judiciosamente colocados numa série dentro de um grandioso poema. A montagem busca complementar e encadear todos os elementos para que estes sejam dinstiguíveis dentro de um todo coerente. Assim, o rio que corta a cidade do Porto não está pensado como um elemento de separação, mas como um obstáculo que é necessário superar para restabelecer a comunicação.
Douro, Faina Fluvial provocou discussões entre a crítica da época, devido à sua inteligentíssima e veloz montagem e à beleza da sua fotografia. Criticado pela crítica portuguesa e elogiado pela estrangeira no V Congresso Internacional da Crítica, Oliveira acabava de entrar desta forma no mundo do cinema.
"Procurava fazer do cinema um meio de expressão. Pus em prática teorias da época, a especificidade da montagem, montagem por contraste, por analogia". Oliveira
"Estava já tudo na découpage. estava escrito. Sempre improvisei muito pouco. Nada, foi resultado da montagem. Foi uma provocação premeditada. Tinha já uma noção muito precisa do que deveria ser a construção cinematográfica. Como a deviam compor. Disso, tinha uma noção muito precisa. (...) Basta ver, para se perceber que tudo está estrututrado, que há uma intenção..." Oliveira